A região e seus acervos

A atual meso-região do Centro–Sul da Bahia, também denominada de Sudoeste baiano, ou planalto de Conquista, ou, ainda, o Sertão da Ressaca, incorpora uma vasta área Géo-histórica que abarca territórios do norte Minas, da Será Geral e Chapada Diamantina, situado entre o vale do Jequitinhonha, as nascentes e vales do rio Pardo, no norte de Minas, até as margens e os vales das atuais cidades de Maiquinique e Potiraguá, no Sul da Bahia; de outro lado, a zona abarcada pelo rio das Contas, contornando a parte ocidental da Chapada Diamantina estendendo-se até as terras onde hoje se localiza o município de Jequié; compreende, também, áreas de antigos caminhos de povoamento que ligam a atual Vitoria da Conquista ao médio São Francisco, passando por Brumado, Caetité, até Bom Jesus da Lapa.


O processo de conquista, ocupação e exploração das terras do Sertão da Ressaca só despertou o interesse da coroa portuguesa após a consolidação das incursões pelo interior e do processo de ocupação e domínio das regiões auríferas entre Minas e Bahia descobertas nos cursos dos rios Doce, Jequitinhonha, Pardo, o médio São Francisco, e seus tributários, chegando até as nascentes do rio das Contas, onde também se implantou a exploração de metais preciosos. Tal empreitada colonizadora foi executada, em diferentes etapas, entre a primeira metade do século XVIII e início do Século XIX. Por um lado, uma gradativa dinâmica política, econômica e social transformou fazendas em povoados, povoados em vilas e vilas em cidades. Por outro, foi também um conjunto de relações conflituosas entre os colonizadores e as sociedades indígenas das quais resultaram entrelaçamentos e amálgamas de práticas e representações sociais mais complexas, sutis e prolongadas, no espaço e no tempo.


Vitória da Conquista, fundada em 1840, é a mais importante cidade dessa área denominada de “Sertão da Ressaca”. De identidade diversificada, tornou-se, ao longo dos anos, importante e expressiva capital regional e, como tal, agrega, em diversas atividades de serviços, saúde, comércio e principalmente na educação, inúmeros agentes oriundos de áreas circunvizinhas e de localidades mais distantes. O papel e a importância da cidade, no contexto do Estado da Bahia, suscitam o interesse, cada vez mais crescente, pela sua história, suas origens, demografia, atividades econômicas, políticas e administrativas. O que se tem percebido nos últimos tempos é que tal interesse é compartilhado tanto pelo homem comum, pelo cidadão que vivencia o cotidiano da cidade, como por aqueles que, a partir de trabalho acadêmico, se propõem a estudar o município nos mais diferentes aspectos.
Os vestígios dessa historicidade ainda podem ser percebidos na dinâmica sócio-cultural regional, em suas dimensões materiais e imateriais, constituindo-se em ricos elementos para a pesquisa historiográfica. Arquivos e centros de documentação de diversas cidades da região sudoeste guardam parte dessa história e seus ricos acervos encontram-se disponíveis à pesquisa histórica.
Entre as instituições-memória da região algumas merecem destaque pelos acervos que guardam e pelas potencialidades de pesquisas que oferecem ao investigador interessado nas várias abordagens historiográficas.


1. Arquivo Público Municipal de Vitória da Conquista. É o órgão responsável pela guarda, preservação e manutenção do acervo histórico e documental da cidade, ou seja, pela documentação produzida pelo poder público municipal em seus diferentes níveis. Assim, reflete a estrutura e dinâmica da instituição municipal, mas traz ainda documentos outros, como mapas, jornais, fotografias que revelam informações valiosas sobre a história da cidade e do povo conquistense.


2. Memorial Casa do Governador Régis Pacheco. Em Vitória da Conquista, além do Arquivo Público Municipal, foi instalado, em 2008, o Memorial Casa do Governador Régis Pacheco, importante político do Estado, que possui, entre fontes documentais, imagéticas e manuscritas, importante acervo digitalizado sobre a histórica política regional, entre 1945-1955, em especial sobre o período de governo Regis Pacheco (1950-1955).


3. Arquivo Público Municipal de Rio de Contas (180 km de Vitória da Conquista). Além de a própria cidade ser um monumento-documento vivo, testemunhando o seu passado colonial de exploração aurífera, desde o início do século XVIII, o arquivo é um dos mais organizados do interior do Estado, guardando e preservando fontes escritas, em especial entre 1724 e fins do século XIX e vincula-se ao Sistema Estadual de Arquivos Públicos do Arquivo Público da Bahia. Os fundos arquivísticos são variados, contendo séries documentais relativas à exploração do ouro, às relações sociais escravistas, às manifestações religiosas e ao funcionamento do poder judiciário, do legislativo e das instituições do poder central colonial e imperial, bem como séries relativas à conformação territorial e fundiária da região.


4. Fundação Casa Anísio Teixeira. Em funcionamento desde 1998 na cidade de Caetité, (220 km de Vitória da Conquista), tem entre os seus objetivos uma agenda ampla de atividades e programas culturais/ educativo de cunho social. Dentre suas instalações destacam-se: um Centro de Memória, que funciona como Museu; uma Biblioteca Pública informatizada, com acervo de aproximadamente 5.000 livros: uma biblioteca digital da (e sobre a) produção intelectual, acadêmica e teórica de Anísio Teixeira.


5. Arquivo Público Municipal de Caetité. Faz parte do Sistema Estadual de Arquivos Públicos do Arquivo Público da Bahia desde 1990. Sua sede fica no antigo prédio da Casa da Câmara e Cadeia, edificação datada da primeira metade do século XIX. Seu acervo documental é composto de documentos iconofráficos, documentos do legislativo, do executivo e do judiciário (datados da primeira metade do século XIX em diante), bem como de coleções particulares de natureza diversa e arquivos de importantes famílias da região como os da família de Anísio Teixeira, de Rodrigues Lima, do Prof. Alfredo José da Silva e de Durval Públio de Castro. Além disso, o Arquivo Público Municipal de Caetité possui uma exclusiva sessão de periódicos cujo destaque é o Jornal A Penna, primeiro do interior baiano.

Contato

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Departamento de História
Centro de Referência e Documentação em História

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